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quarta-feira, 16 de junho de 2021

Cansaço vs motivação


 
Estive em regime de teletrabalho híbrido durante 14 meses. Voltamos ao escritório no inicio de junho.

Durante esse tempo, os dias correram mais devagar, acompanhei melhor a minha filha que esteve este tempo todo também em casa e onde ainda ficará até outubro. As atividades da casa e as laborais fundiam-se numa dança que me agradava de início, mas que mais para o fim já me começava a irritar. A mesa de jantar foi mesa de trabalho este tempo todo e a cadeira da sala foi se tornando cada vez mais desconfortável. O telemóvel que a empresa me deu e o computador sempre ligado sufocavam-me um bocado.

Mas a qualidade de vida que tive durante este tempo, bateu todos os desconfortos. O tempo para ir levar a miúda aqui e ali; a disponibilidade de lhe fazer o almoço enquanto víamos uma série; levantar-me 5 minutos antes das 9:00 e chegar ao sofá 5 minutos depois das 18:30; ir fazer unhas na hora de almoço; tratar da roupa entre e-mails e adiantar o jantar cedo, cedinho; tudo isto foi vida! Já para não falar da sensação de segurança contra o raio do vírus invisível. O despertador foi desligado porque acordo cedo por natureza e as noites eram dormidas de seguida. Enfim, o sonho!

Pois que semana e meia depois de voltar a tempo inteiro ao escritório e mesmo depois de uma semana de férias, estou CANSADA! Durmo mal, acordo diversas vezes durante a noite, acordo cedo demais para me levantar, mas tarde demais para tentar voltar a adormecer. 

Quero fazer umas caminhadas, porque preciso mesmo, sinto o corpo mole e com dores aqui e ali, quase que o ouço gritar "mexe-me, porra, estou a atrofiar, preciso de fortalecer estes músculos e olear estas articulações, mulher!" mas a minha mente aproveita a mais pequena desculpa para ficar alapada no sofá… ora está frio, ora está calor, ora estou cansada, ora está vento, ora é tarde, ora é cedo, ora… tudo serve para não fazer a vontade ao corpo que precisa meeeesmo de ser mexido.

Seria de pensar que com o tempo livre que tive em casa, tivesse adquirido algum hábito de me mexer, certo? Errado! Nem adquiri nenhum hábito e pouco mexi o cu! A desculpa mor para este tempo? O medo do covid, o confinamento além das desculpas anteriores, claro…

Eu sei que não devo explicações a ninguém, mas devo a mim própria. E isto não sendo explicação nenhuma, será pelo menos uma gotinha de auto-motivação. Odeio o antes (a logística para sair de casa para caminhar num sítio agradável), mas adoro o durante (caminhadas em conversa ou a ouvir música ou um podcast) e também gosto bastante do depois, não propriamente das dores nas pernas e pés, mas daquela sensação de músculos trabalhados e de dever cumprido. Como acabar com a auto-sabotagem? Essa sim é a pergunta para um milhão de euros!!

sexta-feira, 21 de maio de 2021


Tomar a saúde como garantida é algo que fazemos diariamente e só quando aparece algum problema é que nos damos conta da sorte que temos em nos podermos dar ao luxo de nos preocuparmos com os nossos pequenos defeitos. 
Não agradecemos o suficiente ao nosso corpo por tudo o que ele faz por nós todos os dias, mesmo quando muitas vezes estamos a lutar contra ele.
Esta semana, o corpo do hubby disse-lhe "olha lá, estou um bocado farto que puxes demais por mim, mas tu não me ligas, vais levar com um síndrome vertiginoso que é para aprenderes!". No dia seguinte o meu sogro teve o que pareceu ser um enfarte, mas felizmente acabou por se revelar um problema menor.
É fácil levar o corpo ao limite, exigir mais e mais dele sem lhe mostrar gratidão pelo que nos permite fazer, sem o mimar seja com descanso, seja com massagens, nutri-lo em condições ou treiná-lo para ser mais forte.
Mas depois vêm estes reveses que nos obrigam a parar, a priorizar a saúde em vez de tudo o resto que normalmente vem à frente e, com sorte, uma lição aprendida para ser mais gentil com o nosso corpo. 
É que ele não tem substituto 🤍

 

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Esta sou eu


 A do espelho, hoje.

Tem dias que olho para mim e me sinto uma matrafona (tenho mesmo de continuar a renovar o guarda-roupa para o meu corpo atual), mas hoje gostei de me ver. Não sei se tem a ver com a roupa, é muito básica e simplezinha, mas gostei do conjunto final, e principalmente da confiança que vejo no espelho.

A da foto por cima do espelho, há mais de 20 anos.

Esta foto foi tirada num casamento, a roupa que usava foi queimada por mim numa cerimónia simbólica da "queima da gorda" depois de vários quilos perdidos muito à custa uma dose generosa de saúde mental (reconheço agora). Mas o que mais me salta aos olhos na foto é a minha expressão que exala falta de confiança. A foto foi posta ali para eu me lembrar de nunca mais voltar a ser assim (gorda). Na verdade, hoje até peso mais do que na altura, mas a auto-confiança que ganhei ultrapassa tudo. E é verdade, eu nunca mais quero ter aquela expressão. Quanto ao peso, já fiz as pazes com isso.

A da foto ao lado é da minha wannabe 😊.

Foi uma brincadeira que o hubby fez com o Harry que tanto me inspira com a sua música e com a sua filosofia de bem estar na vida. O Treat People With Kindness é sim um modo de estar no mundo e em muito contribuiu para me sentir bem comigo e isso não tem preço.

Às vezes olho para fotos minhas e não me reconheço. Quer dizer, não me lembro de ser assim. Penso que deve ser porque houve muitas fases, demais até, em que não me olhava ao espelho por não gostar de me ver. Por esmiuçar todos os defeitos em vez de olhar para o meu todo e agradecer ao meu corpo a vida que me proporciona. 

Olhar ao espelho com gentileza pelo meu corpo, agradecer às minhas pernas por me permitirem deslocar-me, agradecer aos meus braços por me permitirem abraçar os meus, à minha barriga que deu abrigo à minha melhor companhia, isso ultrapassa as regueifinhas dos braços, a casca de laranja das pernas e as riscas reluzentes da barriga.

E isso deu-me acima de tudo uma paz de espírito imensa. Saber que posso ser feliz neste meu corpo de hoje, não me sentir uma estranha a tentar fugir de um corpo que não me pertence e só me dar permissão de ser feliz quando lá chegar… deixar de pensar assim e aceitar-me realmente como sou, é um passo de gigante!!

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Dos pequenos passos...



Precisava de roupa. Mais propriamente de um casaco (preferencialmente de ganga), um casaco de treino (para as caminhadas), um cinto bonito e queria umas calças rasgadas (que os 45 anos são só número no cartão do cidadão).

E fui à Kiabi. À renovada Kiabi do Marshopping. E trouxe de lá exatamente o que queria, da zona dos tamanhos grandes, desta vez sem complexos nenhuns. O meu tamanho anda de momento entre o 46 e o 48, ora justamente no limite máximo dos tamanhos "normais" e no limite mínimo dos tamanhos "plus size". 

Antigamente era impensável passar naquela secção. Era para mim sinónimo de humilhação, de "eu já não sou isso, passa ao lado". Era normalmente, nas poucas lojas que exibiam essa secção, um pequeno canto com um amontoado de roupas normalmente disformes e de cores soturnas, sem o brilho das restantes ditas "normais".

Mas felizmente há lojas que seguem as tendências de body positivity e além de expandirem esse pequeno canto atravancado, enchem-no com peças em tudo semelhantes às mais pequenas tanto em beleza, organização, preços e até alguns manequins plus size. Sem vergonhas, só orgulho.

E porque são as roupas que devem servir no corpo e não o corpo que tem de se espremer dentro delas, veio de lá um casaco de ganga 46, um casaco de treino com forro aveludado XL, um cinto também XL e umas calças rasgadas 48. Tudo com mais elasticidade do que os tamanhos "normais" e super confortáveis.

Porque no final de contas, a etiqueta é minúscula, escondida e não reflete em nada o meu valor. É simplesmente um pequeno pedaço de tecido com um número que já não mede o meu progresso, não me humilha nem me orgulha.

sábado, 17 de abril de 2021

Da primeira semana

 


Olha, senti-me bem! Muito bem, mesmo. 

Aumentei ligeiramente o consumo de legumes, tornei os lanches mais saudáveis, troquei o chocolatinho do almoço por um rebuçado de café sem açúcar (eu não tomo café) e mantive o quadradinho de chocolate depois do jantar. 

Fizemos algumas caminhadas em família com puro prazer em vez de obrigação e voltei a ocupar a cabeça com projetos de trabalhos manuais. 

Continuei a respirar fundo mais vezes, a fazer mais pausas mais vezes e a não me deixar interromper mais vezes. 

É um trabalho holístico, melhorar o corpo e a mente como um todo em vez de só o corpo com o sacrifício da saúde mental como aconteceu no passado. 

O número da balança baixou, mas melhor do que isso, sinto-me em paz comigo e com as minhas escolhas. Isso sim, é sucesso ❤️


terça-feira, 13 de abril de 2021

O primeiro dia do resto da minha vida



 Hoje respirei fundo mais vezes. Olhei para dentro de mim mais vezes. Ajustei as costas na cadeira mais vezes e ergui a cabeça mais vezes. Impedi que interrompessem o meu raciocínio mais vezes e fiz pausas mais vezes.

Hoje desde há muito, muito tempo, não comi um único pedaço de chocolate. Não é de todo a minha intenção abolir o chocolate que tanto prazer me dá, mas hoje, em particular, fazia sentido mostrar a mim própria que eu conseguia, se assim o quisesse. E verdade seja dita não me custou nada. 

Hoje o almoço teve muitos legumes e fruta, o lanche foi básico e satisfatório e o jantar foi bem frugal. Tanto que durante a nossa caminhada que se seguiu pensei: comi pouco, tenho fome. Um chá e uma bolacha resolveram o assunto. 

Não é assim que todos os dias vão correr em termos de alimentação, mas quero que sejam mais os dias assim do que de excessos. Não vou abolir absolutamente nada, muito menos o que realmente me dá prazer. Mas vou reduzir. E vou voltar ao básico, ao menos processado. 

A mentalidade do "perdido por cem, perdido por mil" já tinha abandonado há muito, felizmente. É agora vez de ajustar a mentalidade do "é só hoje". Esta era diária... 

Hoje comprei uma balança, mas guardei-a longe de mim. Sei bem a pressão psicológica que a curiosidade de ver o progresso me causa. A minha ideia é pesar-me ao sábado, só para avaliar se estou no bom caminho, o número não é relevante. Caso comece a mexer com a minha cabeça, mudo os hábitos. 

O que mais me arrasou ontem é que eu não estava a contar minimamente ter passado a barreira psicológica dos 3 dígitos. Na minha mente eu estava a ir bem e mantinha-me ali na linha de água, teria até perdido algum peso. Foi uma bela bofetada que apanhei. E não quero apanhar-me mais desprevenida. 

Não quero ficar obcecada pela balança, não vou voltar a prender o meu valor ao número que ela vai mostrar, nem vou pesar-me 2, 3 ou 4 vezes por dia. 

Vou levar um dia de cada vez. Vou respirar mais vezes fundo e erguer mais vezes a cabeça. Vou fazer mais pausas e vou olhar para mim com orgulho mais vezes. 

Este abanão foi forte e mexeu comigo, mas pode muito bem ter sido exatamente o que eu precisava. 


domingo, 11 de abril de 2021

Dia zero?...


 Pesei-me.

E vi algo que nunca imaginei para mim: 3 dígitos.

Eu sei que o número da balança não me define. Eu sei que o número da etiqueta das calças não me define. Eu sei que o espaço que ocupo no sofá não me define.

Eu sei o valor que tenho como mulher, como mãe, como esposa, como filha, como neta, como amiga, como profissional. E nada disso está ligado à minha aparência física.

Eu hoje sei que é impossível odiar-me até me amar, que isso não resolve porra nenhuma, só me diminui perante mim própria.

Eu não me arrependo de ter ganho 35kg depois de ter perdido 30. Esse foi o meu caminho e não seria a pessoa que sou hoje se não o tivesse percorrido passo após passo.

Tornou-me uma pessoa melhor, mais forte, mais independente, mais segura. Hoje não preciso da validação dos outros para me validar a mim mesma.

Mas...

Não posso continuar assim. O peso em excesso vai fazer-me mal, sim. Não à pessoa que me olha de volta no reflexo do espelho, essa sei o valor que tem. Mas vai fazer mal ao peso que os meus pés e pernas têm de carregar e eventualmente vai sobrecarregar o meu coração, ou os meus pulmões.

Eu quero perder peso. Eu preciso de perder peso. Mas nunca mais odiar-me como motivação... onde é que raio eu tinha a cabeça para algum dia ter achado isso uma boa ideia.

Eu quero perder peso porque me amo. Porque isso sim é cuidar de mim.

Eu quero pesar-me e não confundir o meu valor com o número da diaba da balança. Eu quero levantar-me do sofá e não caminhar como uma velha de 80 anos.

Eu não quero entrar no cíclo diabólico das dietas que não resultam e que nos convencem que a culpa é sempre nossa da nossa falta de empenho e de motivação.

Isto é um equilibrismo numa linha muito fina e quebradiça, mas eu tenho de tentar. Por muito difícil que seja manter esse equilíbrio. Não quero é continuar no caminho em que estou neste momento. 

segunda-feira, 22 de março de 2021

Dos hábitos do passado

Hoje eu consigo olhar-me no espelho e não me focar somente nos pontos negativos.

Hoje eu consigo não precisar de validação externa para gostar de mim.

Hoje eu consigo fazer todo o tipo de refeições sem achar que estou a cometer um enorme pecado.

Foi preciso muito tempo, muito investimento próprio, muita desaprendizagem para chegar onde estou hoje.

O meu copo de auto-estima está cheio e hoje eu posso dizer que aprendi a gostar verdadeiramente de mim como um todo.

Mas...

Confesso que de vez em quando as ideias antigas ainda me visitam.

Confesso que às vezes morro de medo do futuro, dos problemas que o meu peso me possa trazer e muitas vezes penso que seria mais fácil e confortável voltar ao infinito ciclo das dietas que eu tão bem conheço (atenção: não é).

Confesso que às vezes fico triste pelo quanto o meu corpo mudou e pelo facto de poucas coisas que tinha me continuar a servir. Tento não ceder à tentação de guardar peças mais pequenas com o intuito de um dia voltar a caber nelas, não faz bem a ninguém isso. 

Confesso que continuo a fazer zero exercício, apesar de saber perfeitamente o bem que faz ao corpo e ainda mais à mente. Sei que continua a ser auto-sabotagem, mas não consigo ter vontade de me mexer seja de que maneira for.

Desaprender todos os hábitos apregoados pela indústria das dietas como "saudáveis" quando tudo o que faziam era deitar-me abaixo e empurrar ainda mais para o fundo a minha auto-estima é um trabalho árduo. Remar contra a maré dessa indústria que movimenta milhões é um trabalho a tempo inteiro. E às vezes apetece-me atirar a toalha ao chão e voltar a "encarneirar" nas dietas. Era mais fácil, de facto.

Mas depois penso em tudo o que passei, o quanto me custou a chegar aqui, ao ponto alto deste amor por mim e sei que não vale a pena voltar a odiar-me para modificar o meu corpo.

É seguir em frente, uns dias melhor e outros dias pior e tentar todos os dias fazer o melhor para mim.

É difícil, mas tenho de continuar comigo no topo das prioridades. 

segunda-feira, 1 de março de 2021

Hoje foi o dia!


 
Despi-me de roupa, preconceitos e mimimi e tirei do roupeiro e das gavetas o que já não me serve. 

E foi muita roupa.

O meu corpo mudou muito ultimamente. Se antes o aumento de peso se refletia praticamente só nas coxas e ancas, agora passou ao tronco e braços. Um pouco por todo o lado na realidade. E as blusas e os casacos foram os que mais se ressentiram. Confesso que o casaco de couro e o de ganga me custaram imenso...

Mas eu não quero guardar coisas porque "ai, um dia, vou caber nesta peça outra vez!". Chega disso!! Eu quero sentir-me bonita e confortável todos os dias, não só daqui a x meses (ou anos) quando o raio do casaco me voltar a servir. Been there, done that! E não funciona!

Ao mesmo tempo encomendei umas coisinhas na Natura, porque nem só de destralhe se faz a vida. Uma pessoa também tem de se mimar, pois então.

Confesso que é um processo que custa e que nem sempre estamos com o espírito certo para fazermos este exercício. Mas é necessário e no final sente-se uma certa leveza, sem dúvida.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Never have I ever


 
Nunca na vida tinha tido coragem de andar com unhas pintadas de cor forte. Só ao fim de 44 anos é que senti que as minhas micro-unhas também tinham direito a ser mimadas apesar de não serem aquelas unhas longas e elegantes que fazem uma mão bonita e me rendi à manicure profissional. São pequeninas, mas são as minhas. A partir do momento em que as aceitei precisamente como elas são e me convenci que também elas podem ser belas, passei a cuidar muito melhor delas. 

Este é provavelmente a maior simbologia da minha auto-aceitação. Afinal, ser fora do padrão pode ser o meu maior atributo e não o meu pior defeito.

Nunca na vida tinha tido coragem de usar a minha camisola básica e justa sem algo a tapá-la. Nunca me tinha atrevido a mostrar os pneuzinhos que esta camisola, que me acompanha seguramente há uns 20 anos, não consegue esconder. Hoje foi o dia, porque realmente eu sinto-me bem com ela (pneuzinhos incluídos) e muito sinceramente a opinião dos outros deixou de me interessar. A isto chama-se confiança.

Nunca na vida usei uma saia no emprego. Aliás, tirando os vestidinhos de verão, nem sequer tenho uma única saia. Ainda não foi hoje, mas estas calças largas mega confortáveis são um passo de gigante nessa direção. Também nunca na vida me tinha atrevido a chamar a atenção para a parte inferior do meu corpo com as cores mais vivas. Normalmente uso calças de ganga ou pretas e avivo o visual com camisolas de padrões. Inverter esta tendência é uma novidade para mim. Aliás, tentar adivinhar o que os outros pensam ao olhar para mim, se é que pensam alguma coisa de todo, deixou de estar na minha lista de preocupações.

Abraçar-me a mim própria como um todo tem sido uma lufada de ar fresco na minha vida, porque o meu corpo é provavelmente a coisa menos interessante em mim.

domingo, 18 de outubro de 2020

Tem dias


Há dias em que sinto que não estou empenhada a 100% nisto do body positivity.

Há dias em que penso que seria tão mais confortável embarcar em mais uma dieta. É difícil ver o meu corpo a mudar, a voltar à estaca zero. 

Há dias em que sinto falta da sensação de falso controlo que a dieta me transmite. Sinto falta do objetivo, daquela adrenalina quando um dia corre na perfeição.

Nunca sentirei falta da sensação de fracasso quando a dieta empanca ou quando invariavelmente deixa de funcionar. E muito menos falta sentirei da sensação de falhanço ao olhar pela quinta vez para o número da balança sempre despida de qualquer acessório que acrescente 10 gramas sequer.

Há dias em que me sinto poderosa, levanto a cabeça bem alto e caminho com segurança no andar e de sorriso no rosto. 

E depois há dias em que me questiono se terei tomado a decisão certa e sinto-me só desleixada. 

Porque eu sinto que ainda não soltei as amarras completamente. Adoro a liberdade que o self-love, a self-acceptance e o body positivity me dão, mas lá no fundo eu ainda quero ter um corpo mais pequeno. Não para me encaixar mais em algum padrão, mas porque as pernas começam a queixar-se e eu lá no fundo tenho medo que os quilinhos a mais acabem mesmo por ser prejudiciais à minha saúde no futuro.

Eu não quero embarcar em dietas e obsessões de números, mas quero retirar alguma gordura do meu corpo. As pernas e os pés começam a ressentir-se e penso que isso seja ele a chamar-me à razão.

Gostava que ele encolhesse um pouco, não posso mentir, mas sem ponta de obsessão, sem ponta de sacrifício, só a ouvi-lo, a nutri-lo, a move-lo como ele merece.

Não quero voltar à never-ending story das dietas de A a Z, mas também não quero continuar a crescer mais e mais. É um equilíbrio muito fino e que vou ter de encontrar para bem da minha saúde física e mental. 

domingo, 23 de agosto de 2020

Do merecido descanso


Chegamos ao Algarve há uma semana e temos aproveitado para descansar, apanhar sol e tomar meios banhos de mar e de piscina. 

Não acho que esteja menos gente do que nos outros anos e sinto que anda tudo muito à vontadinha, como se não estivéssemos no meio de uma pandemia. Por isso limitamo-nos a fazer o percurso praia-casa-piscina. Saímos uma vez à noite só para passear, mas mesmo de máscara não nos sentimos confortáveis e não fomos mais. 

É o nosso estilo de férias caseiras de que sempre gostámos: juntos, mas a dar espaço suficiente para cada qual fazer o que lhe dá mais prazer. 

Tal como em todos os outros anos, não posso deixar de constatar o mesmo: Não há corpos perfeitos! Há sim pessoas que se sentem mais ou menos à vontade neles. O meu este ano está maior, mas não foi por isso que pus o biquíni de lado. Penso até que nunca me senti tão em paz com ele como este ano. 

Setembro está aí à porta e, como sempre, é sinónimo de recomeço. Este ano tenho aí uma ideia nova que vai na linha do #selflove e do #eumereçocoisasboas. Dia 1 falamos 😊


 

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Depois da tempestade vem a bonança... sempre!


Confesso que o que se passou anteontem mexeu muito comigo. Senti-me enxovalhada e humilhada. O hubby queria fazer uma queixa, mas muito sinceramente nunca mais quero ver aquela gaja na vida e muito menos trocar mais uma palavra com ela.

Toda a situação ficou a ecoar na minha cabeça… e ontem ainda me sentia muito sensível e triste. Já há muito que não me sentia assim. Na realidade já não me sentia assim desde que acabei com a ditadura da balança, era aquele sentimento de falhanço que tinha regularmente e que tinha desaparecido totalmente depois que me libertei dela.

Olhei para dentro de mim.
Já perdi 30Kg. 
Passei por imensas fases para isso acontecer. Altos e baixos. Dietas restritivas e momentos de puro descontrolo. Alegria por um número na balança e ódio intenso pelo mesmo número na semana seguinte. Sentimentos de euforia e de obsessão. Um sacrifício imenso para manter o corpo mais pequeno do que ele foi talhado para ser. Uma autêntica montanha russa de emoções com a companhia permanente do ódio por este corpo.
E depois descobri toda uma comunidade dedicada ao body positivity e à aceitação do corpo que temos. Saber que havia mais pessoas com o mesmo tipo de corpo que eu tenho e que se amam como são?? Nem sequer sabia que isso era possível! Mas pareceu-me incrível e alinhei! 
O sentimento de liberdade é incrível!
E assim, aos poucos, os 30Kg voltaram. Todos. Com a diferença que eu agora estava feliz.

A ideia por detrás do body positivity é aceitarmos o nosso corpo e olhar para ele com amor. 
Em vez de odiar as coxas rechonchudas, agradecer por elas nos levarem a tantos sítios. 
Em vez de abominar a barriga flácida, agradecer por ela ter abrigado um ou mais bebés. 
É saber que apesar de não haver alimentos proibidos, há obviamente alguns que só podemos consumir moderadamente, ter isso em mente e nutrir o nosso corpo convenientemente porque o amamos.
E foi aqui que eu me espalhei. 

É perfeitamente normal que uma pessoa que passe muito tempo em dieta a restringir isto e aquilo, depois tenha de ir até ao outro lado do espectro e comer demais, principalmente do que mais restringiu. É o nosso corpo a testar-nos. É ele a ver se vai mesmo poder confiar em nós ou quando é que vamos tirar-lhe o tapete e obriga-lo a entrar de novo em restrição.

Mas, nalguma altura temos de voltar ao ponto central, àquele ponto minúsculo de equilíbrio e que é a chave de tudo na vida.

Portanto eu quero voltar a olhar para dentro de mim e corrigir os excessos que estou a cometer. 
Não quero fazer dieta, não quero comer só uma sopa à noite, nem comer doces só uma vez por semana.
Mas quero voltar a alimentar o meu corpo come ele merece. E isso significa dar mais primazia a legumes sim por exemplo, sem excluir uma pizza, mas mais de vez em quando. Ou lanchar um pãozinho e uma peça de fruta em vez de meia dúzia de bolachas recheadas.
Concentrar-me mais nos alimentos que fazem bem ao meu corpo em vez de consumir só os que sabem bem ao paladar. Mas tudo com o tão querido equilíbrio.

Isto tudo para dizer: Não, senhora doutora, não vou só comer uma sopa ao jantar para ver o número da balança a baixar. Vou procurar o equilíbrio que nunca consegui encontrar agora que já estive nos dois laos do espectro: o da restrição e o do excesso. Podes confiar em mim corpo, não te vou mais fazer passar fome, mas também não te vou mais sobrecarregar com açúcares e gorduras.

É o equilíbrio que procuramos. Não pelo número que marcava naquela balança, mas porque o meu corpo merece que eu o trate como o herói que ele é. 

Nunca mais te vou odiar… Prometo.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Senti-me profundamente discriminada


No início do ano fui a uma consulta de Medicina Geral no Hospital de Alfena queixar-me de umas dores que tinha num braço e que irradiava para a perto do pescoço. Na altura, a médica mandou-me fazer uns movimentos, pôs de lado a culpa do colchão ou da almofada, receitou-me uns comprimidos, disse que iria melhorar, mas se a dor voltasse seguiríamos para uns exames complementares. Fui bem tratada, como uma paciente qualquer. A dor passou e andei bem durante uns meses.

Ultimamente tenho tido novamente o início da dor e voltei à consulta desta vez com outra médica que estava de serviço. Mal descrevi o que sentia (tal como da primeira vez) a médica disse-me logo que o que devia era comer só sopa à noite e uma peça de fruta. Perguntou se eu fazia exercício e quando eu disse que fazia caminhadas dia sim dia não, disse logo Ah, mas devia fazer todos os dias! Independentemente do que eu dissesse nunca iria ser suficiente. Como estava a receber o meu silêncio como resposta, mudou um pouco a postura É claro que as pessoas magras também têm problemas de coluna, não é... Mas sabe que tem de fazer dieta, tem muito peso.

Aí não aguentei e tive de me defender do que estava a sentir como discriminação e disse Eu fiz dieta durante 20 anos e por causa disso desenvolvi problemas alimentares, uma obsessão e para bem da minha saúde mental desisti disso. Agora só preciso mesmo é de encontrar o ponto de equilíbrio.

Vamos lá a ver: Eu sei que tenho excesso de peso! Eu sei que eventualmente isso pode causar problemas de saúde! Mas esta estúpida não me examinou, limitou-se a atribuir o problema ao excesso de peso sem mais nenhum meio de diagnóstico.

E continuou: Tem feito análises? Consulta ginecológica? Citologia? Sim a tudo. Eu tomo conta da minha saúde! E as análises estão bem?! Fez aqui no hospital para eu dar uma vista de olhos? Por acaso não tinha feito lá, mas o meu colesterol nunca esteve tão bom na minha vida. Claro que estava tão intimidada que nem isso me lembrei de lhe dizer.

Se bem que eu também não tinha de lhe provar nada. Eu estava a ser alvo de discriminação por causa do meu peso, sem recurso a qualquer outro meio diagnóstico a não ser a estupidez e a insensibilidade desta pessoa.

A meio da consulta, e como eu estava basicamente a ignorar os seus sábios conselhos para perder peso - que não pedi - ela desistiu e resolveu focar-se em mandar-me fazer um raio-x e receitou-me medicação para as dores… vá lá...

Conclusão, vou tomar a medicação e vou na realidade fazer os raio-x, mas não volto a lá por os pés, nunca mais. Vou à primeira médica que me tratou como uma pessoa, olhou além do meu peso e tratou-me como eu merecia.

Não é a rebaixar as pessoas que que conseguem resultados. Se esta gaja soubesse os passos que me fez voltar atrás hoje, enfiava-se imediatamente num buraco.

domingo, 14 de junho de 2020

Como criar rotinas, alguém me explica?...

Ontem fomos às compras. Ao fim de algumas horas eu estava de rastos com dores nos pés (levei umas all star da feira), mas principalmente nas pernas e passei a noite com cãibras. E isso assustou-me. Se é assim aos 44, como será aos 60?

As minhas pernas sempre foram o meu maior problema. São gordinhas por todo, desde o tornozelo e repletas de celulite. Se antes eu as odiava e queria a todo o custo mudar a sua aparência (sofri horrores em sessões de mesoterapia), com o tempo aprendi a aceitá-las e a desligar o meu valor da aparência do meu corpo e delas também.

Mas uma coisa é eu fazer todo o percurso mental de aceitar o meu corpo, sentir-me grata pelas experiências que ele me proporciona e outra coisa é eu desleixar-me com ele. Ele merece que eu o trate com amor e com carinho e isso inclui o exercício físico.

Sim, eu abandonei as dietas.
Abandonei o ódio ao reflexo do espelho.
Abandonei a restrição de comidas de conforto.
Abandonei a escravatura da balança.
Abandonei a ligação do meu valor pessoal à minha aparência.

E sim, ganhei peso nesse processo. Bastante.
Mas também ganhei paz interior.
Ganhei um amor próprio que nem sabia que existia.
Ganhei alegria nas mais pequenas coisas.
O que eu não ganhei foi vontade de mexer o meu corpo.

Foram muitos anos a mexê-lo única e exclusivamente motivada pelo ódio à minha aparência e com o único propósito de o obrigar a diminuir de tamanho.

Não é esse o meu propósito agora. Não é minha intenção mexer-me para emagrecer, mas sim porque sinto a necessidade física disso. A minha resistência é nula neste momento e sinto que estou numa altura da vida crucial para abraçar uma rotina destas. Preciso muito. Pela minha saúde.

Não quero ginásios, nem PT's, nem grandes projetos. Quero começar aos pouquinhos mas regularmente. Pode ser uma caminhada, uns agachamentos, umas danças do youtube, subir escadas, ioga online...

O que eu quero é poder subir 2 lanços de escadas sem ficar a morrer, ou passear sem cãibras. Quero que por uma vez, esta vontade de me mexer venha de um sítio de amor por mim e não de ódio, porque é claro que eu sei que isto me faz falta e que é um princípio básico para uma vida saudável.

Mas como é que eu faço para ganhar a vontade de levantar o rabo do sofá ou da cama? Sou bem capaz de passar 2 ou 3 horas entre twitter, instagram, facebook, big brother, novelas... Não me passa pela cabeça desalapar e mexer-me um pouco?...

terça-feira, 19 de maio de 2020

Tive um sonho


Esta noite tive um sonho super real. Sonhei que estava à conversa com uma blogger conhecida e estávamos a falar sobre alimentação e peso. E a conversa era mais ou menos isto:

Eu: Há uns anos atrás eu pesava 93kg e agora peso 97, pelo meio perdi mesmo muito peso, quase 30kg, mas o que é certo é que agora me sinto melhor do que me senti durante este percurso todo.

Ela, que é super apologista de uma alimentação equilibrada e muito saudável só me escutava e olhava com curiosidade.

Eu: Sabes, é que eu antes olhava para o espelho e só conseguia olhar para os meus defeitos, as mamas descaídas , a barriga proeminente, as pernas de elefante, o duplo queixo de avó... E agora não . Agora vejo um todo. Vejo a Lena. E não um conjunto de defeitos.

E acordei.

É verdade que devo pesar agora pelo menos tanto quanto pesava quando iniciei a minha jornada em 2003. Todo o peso que perdi, tornei a ganhar, se não mais, não faço ideia de quanto peso agora, deitei a balança fora como forma de self-care. Também não comecei o meu percurso com 93kg, foi com mais.

Muito sinceramente não me arrependo de ter voltado a ganhar o peso que perdi. Tudo o que sou hoje devo a tudo o que passei. Sei que não teria a mentalidade que tenho hoje se saltasse etapas.

Se gostava de ser mais magra? Claro que sim, mas isso vai ser somente um dos efeitos secundários do self-care e nunca mais a principal razão.

E tudo o que disse no sonho é no que estou a tentar focar-me. Sonhar com isto, num sonho tão vívido, só me faz acreditar que isto é algo que se está definitivamente a enraizar em mim. E desligar o meu valor do meu aspeto é tudo o que eu quero.

O meu subconsciente a mandar-me a mensagem que eu tento seguir na vida real é só poderoso

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Odiozinho de estimação


Comprar roupa sempre foi aquela tarefa que eu adiiiiooo até não poder mais. Odeio! Mas quando abro o roupeiro e um dos dois pares de calças de ganga pendurado está quase a romper entre as pernas (o flagelo do costume), sei que não posso arrastar isso muito mais.

Eu já fui um tamanho 50 há uns belos anos atrás e contentava-me com roupa de velha que havia numa ou noutra loja. Servia? Ótimo! Não era lá muito bonito e muito menos na moda, mas pelo menos servia… ufa...

Também já fui um tamanho 42 há um par de anos atrás mas nem por isso a experiência era mais agradável. Sim, já havia um maior número de lojas onde podia atrever-me a entrar, mas era uma altura em que eu odiava o meu corpo, odiava olhar para ele nos espelhos dismórficos dos provadores e os olhos caiam única e exclusivamente nos meus monstruosos defeitos. Eu pegava única e exclusivamente na peça de roupa tamanho 42, era impensável subir um tamanho. Isso era um tremendo atentado à minha perda de peso e a culpa da roupa não me servir era única e exclusivamente do meu corpo parvo.

Hoje sou um tamanho 46. Mas se for um 48 ou um 44 também não tem mal nenhum. Consegui finalmente compreender que há simplesmente roupa que não foi desenhada para o meu tipo de corpo e isso não tem mal nenhum. É procurar outro modelo. Simples assim. Ajuda muito o facto de eu olhar para o meu corpo como um todo belo e não como um amontoado de defeitos horríveis.

Sim, o meu peito é descaído, mas alimentou a minha filha durante mais de um ano. A minha barriga é flácida, mas foi o ninho dela durante 9 meses, protegeu-a, alimentou-a, fê-la a partir de uma sementinha. As minhas coxas são grandes sim e molinhas, mas levam-me a tantos sítios bonitos. E os meus braços rechonchudos dão os melhores abraços.

Fazer as pazes com o meu corpo e aceitá-lo como ele é em vez de o odiar pelo que não é foi a melhor mudança que eu podia ter feito na minha vida. Olhar no espelho e ver a beleza total em vez de cada um dos defeitos em separado é de uma serenidade inigualável.

E isto não se trata de nenhuma ode à obesidade, trata-se sim de viver tranquila com o que na realidade sou e não estar constantemente na luta contra os quilos indesejados. Eu agora trato bem de mim pelo único prazer de tratar de mim e ouvir o meu corpo. Ele estava a suplicar por que eu parasse de o fazer encolher a um tamanho que ele não estava preparado para ter. Era uma luta 24/7 para perder 100 ou 200gr e o ódio e o sentimento de culpa por não conseguir mais estavam a consumir-me por completo.

É tão, mas tão importante ver mulheres reais por essa internet fora. É tão importante termos a noção de que não é preciso encaixar ali entre o 36 e o 42. Há corpos de todos os tamanhos e feitios e é urgente aprendermos a amar-nos de qualquer modo.

A minha saúde mental saiu a ganhar no meio disto tudo e no fim de contas a física também, as análises clínicas assim o indicam.

Isto tudo para dizer que acabei por comprar 2 pares de calças. Levei imensos pares 46 e 48 e houve dois que me fizeram sentir mesmo bem com eles vestidos. Era para trazer um terceiro, mas não estava 100% do meu agrado, portanto resolvi não me contentar com menos do que mereço. É certo que não consigo comprar roupa em todas as lojas, mas vejo que há uma preocupação crescente para a aceitação de vários tipos de corpos e há cada vez mais oferta para tamanhos maiorzitos.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Sou eu... Era eu...


Esta sou eu há 20 anos atrás. Tinha 24 anos.

Esta foto está colada no espelho do meu quarto há já alguns anos. Inicialmente coloquei-a lá para me lembrar de nunca mais voltar àquele peso. Olhava para a foto e só conseguia ver o duplo queixo, os braços rechonchudos e o olhar triste. E não queria ser mais assim, que horror!!

Hoje, com 44 anos, eu olho para ela, olho para mim e vejo que os braços voltaram a ser rechonchudos, a cara voltou a ser mais cheiinha, mas a expressão é totalmente diferente.

A Sweet dos vintes queria ao máximo passar despercebida, era extremamente insegura e só queria era ser feliz (e era, apesar da expressão).

A Sweet dos quarentas não se importa de se destacar, já não quer ser apenas um tom de cinza, tem todas as cores dentro dela, quer fazer-se ouvir, quer estar de bem com a vida e só continua a querer ser feliz.

A vida deu umas boas voltas nestas duas décadas, mas a maior de todas foi sem dúvida na minha maneira de pensar.

Fisicamente foi um circulo completo, todo o peso que perdi à custa de tanto sacrifício físico, mas essencialmente mental, voltou todinho para mim.

A foto continua lá, no espelho, mas para me lembrar que não me quero mais esconder, nem tentar encolher-me ao aceitável pela sociedade.

Para o novo ano desta vez não tenho pretensões de perder x quilos em x tempo, nem de me obrigar a fazer exercício x vezes por semana para me catalogar de "bem comportada".

Nada disso! Para o novo ano quero continuar a olhar-me no espelho, dizer "obrigada corpo" e tratar todas as regueifinhas com gentileza. Hidratá-lo porque ele precisa, massajá-lo com cremes porque a pele agradece e fazê-lo mexer porque ele não quer ficar enferrujado.

E esta é a grande mudança de mentalidade: tratá-lo com amor como o meu melhor amigo e não castigá-lo com ódio como se fosse um demónio.

E nunca, mas nunca mais, descurar a saúde mental

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

The fuck it diet


É um verdadeiro abre-olhos!

É a ajuda necessária para fazermos o verdadeiro reset à nossa mente, de a limparmos, de voltar àquela altura da nossa vida em que comer era descomplicado, em que não estava poluída com centenas de regras ditadas por dezenas de dietas todas diferentes, mas com a restrição como base comum.


É o desmantelar de todas as centenas de regras com que somos constantemente bombardeados pela indústria da dieta.

É o desmistificar de mitos absurdos e substituí-los pela leveza da confiança no instinto primitivo do nosso corpo.

A liberdade da mente é indescritível e saber que nada é proibido é libertador.





sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Acabou-se!!...

Já há uns dias que me andas a enervar... Sim, tu. Tu que estás guardada na gaveta por baixo dos lençóis polares da menina. Já não te ligo... Já não mandas em mim.. Já não me gritas FALHADAAA!! quando me ponho em cima de ti.

Silenciei-te. Adormeci-te. Mas não te matei. Controlo-te ao me controlar para não ceder ao teu chamamento. Há algum tempo que não dou protagonismo. Mas continuas ali a dois passos de me fazeres sofrer se eu deixar.

Ou continuavas. Já lá não estás mais!

Peguei nos sacos do lixo e peguei em ti também para te guardar na garagem, mais longe de mim. Longe fisicamente, mas sabia que a corrente afetiva só esticava, não quebrava.

Chovia... O elevador parou no rés do chão... Fui levar os sacos ao contentor e tu foste comigo. Voltei para dentro para te esconder numa qualquer gaveta funda da garagem... A chuva continuou mais forte e eu quase que a ouvia a dizer DEITA-A FORA!!

Em vez da meia volta para a garagem, dei a meia volta para o contentor e atirei-te lá para dentro com a alma lavada. Subi as escadas a pé como há muito não o fazia com uma leveza no corpo e uma ainda maior na alma.

Fui tua prisioneira anos a fio! Deixava nas tuas mãos as minhas vitórias e os meus fracassos. Deixava que me dominasses o humor consoante o número que me mostravas todas as manhãs, despida de tudo e o mais vulnerável que me podia sentir.

Não o fazes mais. Não me interessa o que tu dizes. Nunca mais quero ser associada a um número.

Quero o meu bem estar. Quero o meu amor por mim em alta. Quero tratar-me com o amor que eu mereço. Quero os meus banhos quentinhos. Quero os meus cremes cheirosos. Quero a minha pele macia. Quero as minhas caminhadas com a minha música como companhia. Quero os meus bolinhos. Quero os abracinhos dos meus amores. O que eu não quero nunca mais é ser julgada, mais por mim própria do que por qualquer outro ser, pelo número que gritas!

Nunca. Mais.

Adeus balança