terça-feira, 4 de agosto de 2020

Senti-me profundamente discriminada


No início do ano fui a uma consulta de Medicina Geral no Hospital de Alfena queixar-me de umas dores que tinha num braço e que irradiava para a perto do pescoço. Na altura, a médica mandou-me fazer uns movimentos, pôs de lado a culpa do colchão ou da almofada, receitou-me uns comprimidos, disse que iria melhorar, mas se a dor voltasse seguiríamos para uns exames complementares. Fui bem tratada, como uma paciente qualquer. A dor passou e andei bem durante uns meses.

Ultimamente tenho tido novamente o início da dor e voltei à consulta desta vez com outra médica que estava de serviço. Mal descrevi o que sentia (tal como da primeira vez) a médica disse-me logo que o que devia era comer só sopa à noite e uma peça de fruta. Perguntou se eu fazia exercício e quando eu disse que fazia caminhadas dia sim dia não, disse logo Ah, mas devia fazer todos os dias! Independentemente do que eu dissesse nunca iria ser suficiente. Como estava a receber o meu silêncio como resposta, mudou um pouco a postura É claro que as pessoas magras também têm problemas de coluna, não é... Mas sabe que tem de fazer dieta, tem muito peso.

Aí não aguentei e tive de me defender do que estava a sentir como discriminação e disse Eu fiz dieta durante 20 anos e por causa disso desenvolvi problemas alimentares, uma obsessão e para bem da minha saúde mental desisti disso. Agora só preciso mesmo é de encontrar o ponto de equilíbrio.

Vamos lá a ver: Eu sei que tenho excesso de peso! Eu sei que eventualmente isso pode causar problemas de saúde! Mas esta estúpida não me examinou, limitou-se a atribuir o problema ao excesso de peso sem mais nenhum meio de diagnóstico.

E continuou: Tem feito análises? Consulta ginecológica? Citologia? Sim a tudo. Eu tomo conta da minha saúde! E as análises estão bem?! Fez aqui no hospital para eu dar uma vista de olhos? Por acaso não tinha feito lá, mas o meu colesterol nunca esteve tão bom na minha vida. Claro que estava tão intimidada que nem isso me lembrei de lhe dizer.

Se bem que eu também não tinha de lhe provar nada. Eu estava a ser alvo de discriminação por causa do meu peso, sem recurso a qualquer outro meio diagnóstico a não ser a estupidez e a insensibilidade desta pessoa.

A meio da consulta, e como eu estava basicamente a ignorar os seus sábios conselhos para perder peso - que não pedi - ela desistiu e resolveu focar-se em mandar-me fazer um raio-x e receitou-me medicação para as dores… vá lá...

Conclusão, vou tomar a medicação e vou na realidade fazer os raio-x, mas não volto a lá por os pés, nunca mais. Vou à primeira médica que me tratou como uma pessoa, olhou além do meu peso e tratou-me como eu merecia.

Não é a rebaixar as pessoas que que conseguem resultados. Se esta gaja soubesse os passos que me fez voltar atrás hoje, enfiava-se imediatamente num buraco.

1 comentário:

  1. Já me aconteceu ir a um hospital com um espaço de vários meses e ter de ser atendida pelo mesmo médico. Na terceira vez de isso acontecer, entrei sentei-me ele fez-me uma pergunta, respondi, escreveu no computador, fez-me mais uma pergunta, ia para falar levantou-me a mão para me mandar calar, continuou a escrever e a seguir dá-me uma receita para a mão, nem me ausculta, nem vê garganta, nem nada! Passei-me, rasguei o receituário na cara dele (que era o mesmo das outras vezes), cheguei cá fora e fiz queixa do médico!!
    Como em todas as profissões, existem bons profissionais e os outros...

    Beijos e abraços.
    Sandra C.
    Bluestrass

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