quarta-feira, 28 de abril de 2021

Dos pequenos passos...



Precisava de roupa. Mais propriamente de um casaco (preferencialmente de ganga), um casaco de treino (para as caminhadas), um cinto bonito e queria umas calças rasgadas (que os 45 anos são só número no cartão do cidadão).

E fui à Kiabi. À renovada Kiabi do Marshopping. E trouxe de lá exatamente o que queria, da zona dos tamanhos grandes, desta vez sem complexos nenhuns. O meu tamanho anda de momento entre o 46 e o 48, ora justamente no limite máximo dos tamanhos "normais" e no limite mínimo dos tamanhos "plus size". 

Antigamente era impensável passar naquela secção. Era para mim sinónimo de humilhação, de "eu já não sou isso, passa ao lado". Era normalmente, nas poucas lojas que exibiam essa secção, um pequeno canto com um amontoado de roupas normalmente disformes e de cores soturnas, sem o brilho das restantes ditas "normais".

Mas felizmente há lojas que seguem as tendências de body positivity e além de expandirem esse pequeno canto atravancado, enchem-no com peças em tudo semelhantes às mais pequenas tanto em beleza, organização, preços e até alguns manequins plus size. Sem vergonhas, só orgulho.

E porque são as roupas que devem servir no corpo e não o corpo que tem de se espremer dentro delas, veio de lá um casaco de ganga 46, um casaco de treino com forro aveludado XL, um cinto também XL e umas calças rasgadas 48. Tudo com mais elasticidade do que os tamanhos "normais" e super confortáveis.

Porque no final de contas, a etiqueta é minúscula, escondida e não reflete em nada o meu valor. É simplesmente um pequeno pedaço de tecido com um número que já não mede o meu progresso, não me humilha nem me orgulha.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Da nova mindset


Sinto que finalmente a minha mente está a trabalhar em conjunto com o meu corpo e não a lutarem entre si. E sabe tão bem!

Ontem à noite o jantar foi uma bela tábua de petiscos que incluía queijo, salame, ovos de codorniz cozidos, tomate cereja, rolinhos de fiambre, salsicha, morangos, tangerina, pão e umas pinças do mar (o único frito). Soube-nos a todos pela vida. Antigamente este tipo de tábuas incluía maioritariamente fritos e enchidos e nunca estas coisinhas mais leves. Uma bela troca para repetir garantidamente.

Hoje, depois de uma consulta médica, fomos almoçar ao shopping que a filhota já babava por uma sandes da Pans. Pedi a minha preferida, cola zero e troquei as batatas por uma salada, porque simplesmente não me apetecia meter batatas gordurentas e pouco satisfatórias no meu corpo. Foi uma estreia, nunca tinha feito isto e sinceramente adorei. Não me custou nadinha e principalmente não tive aquela discussão silenciosa na minha cabeça entre o é só hoje... e o não, não podes! Simplesmente não me apeteceu e foi absolutamente libertador.

Desta vez, sinto que estou num mindset bem diferente e finalmente mente e corpo a rumar na mesma direção em vez de um contra o outro. Espero que continue assim

sábado, 17 de abril de 2021

Da primeira semana

 


Olha, senti-me bem! Muito bem, mesmo. 

Aumentei ligeiramente o consumo de legumes, tornei os lanches mais saudáveis, troquei o chocolatinho do almoço por um rebuçado de café sem açúcar (eu não tomo café) e mantive o quadradinho de chocolate depois do jantar. 

Fizemos algumas caminhadas em família com puro prazer em vez de obrigação e voltei a ocupar a cabeça com projetos de trabalhos manuais. 

Continuei a respirar fundo mais vezes, a fazer mais pausas mais vezes e a não me deixar interromper mais vezes. 

É um trabalho holístico, melhorar o corpo e a mente como um todo em vez de só o corpo com o sacrifício da saúde mental como aconteceu no passado. 

O número da balança baixou, mas melhor do que isso, sinto-me em paz comigo e com as minhas escolhas. Isso sim, é sucesso ❤️


terça-feira, 13 de abril de 2021

O primeiro dia do resto da minha vida



 Hoje respirei fundo mais vezes. Olhei para dentro de mim mais vezes. Ajustei as costas na cadeira mais vezes e ergui a cabeça mais vezes. Impedi que interrompessem o meu raciocínio mais vezes e fiz pausas mais vezes.

Hoje desde há muito, muito tempo, não comi um único pedaço de chocolate. Não é de todo a minha intenção abolir o chocolate que tanto prazer me dá, mas hoje, em particular, fazia sentido mostrar a mim própria que eu conseguia, se assim o quisesse. E verdade seja dita não me custou nada. 

Hoje o almoço teve muitos legumes e fruta, o lanche foi básico e satisfatório e o jantar foi bem frugal. Tanto que durante a nossa caminhada que se seguiu pensei: comi pouco, tenho fome. Um chá e uma bolacha resolveram o assunto. 

Não é assim que todos os dias vão correr em termos de alimentação, mas quero que sejam mais os dias assim do que de excessos. Não vou abolir absolutamente nada, muito menos o que realmente me dá prazer. Mas vou reduzir. E vou voltar ao básico, ao menos processado. 

A mentalidade do "perdido por cem, perdido por mil" já tinha abandonado há muito, felizmente. É agora vez de ajustar a mentalidade do "é só hoje". Esta era diária... 

Hoje comprei uma balança, mas guardei-a longe de mim. Sei bem a pressão psicológica que a curiosidade de ver o progresso me causa. A minha ideia é pesar-me ao sábado, só para avaliar se estou no bom caminho, o número não é relevante. Caso comece a mexer com a minha cabeça, mudo os hábitos. 

O que mais me arrasou ontem é que eu não estava a contar minimamente ter passado a barreira psicológica dos 3 dígitos. Na minha mente eu estava a ir bem e mantinha-me ali na linha de água, teria até perdido algum peso. Foi uma bela bofetada que apanhei. E não quero apanhar-me mais desprevenida. 

Não quero ficar obcecada pela balança, não vou voltar a prender o meu valor ao número que ela vai mostrar, nem vou pesar-me 2, 3 ou 4 vezes por dia. 

Vou levar um dia de cada vez. Vou respirar mais vezes fundo e erguer mais vezes a cabeça. Vou fazer mais pausas e vou olhar para mim com orgulho mais vezes. 

Este abanão foi forte e mexeu comigo, mas pode muito bem ter sido exatamente o que eu precisava. 


domingo, 11 de abril de 2021

Dia zero?...


 Pesei-me.

E vi algo que nunca imaginei para mim: 3 dígitos.

Eu sei que o número da balança não me define. Eu sei que o número da etiqueta das calças não me define. Eu sei que o espaço que ocupo no sofá não me define.

Eu sei o valor que tenho como mulher, como mãe, como esposa, como filha, como neta, como amiga, como profissional. E nada disso está ligado à minha aparência física.

Eu hoje sei que é impossível odiar-me até me amar, que isso não resolve porra nenhuma, só me diminui perante mim própria.

Eu não me arrependo de ter ganho 35kg depois de ter perdido 30. Esse foi o meu caminho e não seria a pessoa que sou hoje se não o tivesse percorrido passo após passo.

Tornou-me uma pessoa melhor, mais forte, mais independente, mais segura. Hoje não preciso da validação dos outros para me validar a mim mesma.

Mas...

Não posso continuar assim. O peso em excesso vai fazer-me mal, sim. Não à pessoa que me olha de volta no reflexo do espelho, essa sei o valor que tem. Mas vai fazer mal ao peso que os meus pés e pernas têm de carregar e eventualmente vai sobrecarregar o meu coração, ou os meus pulmões.

Eu quero perder peso. Eu preciso de perder peso. Mas nunca mais odiar-me como motivação... onde é que raio eu tinha a cabeça para algum dia ter achado isso uma boa ideia.

Eu quero perder peso porque me amo. Porque isso sim é cuidar de mim.

Eu quero pesar-me e não confundir o meu valor com o número da diaba da balança. Eu quero levantar-me do sofá e não caminhar como uma velha de 80 anos.

Eu não quero entrar no cíclo diabólico das dietas que não resultam e que nos convencem que a culpa é sempre nossa da nossa falta de empenho e de motivação.

Isto é um equilibrismo numa linha muito fina e quebradiça, mas eu tenho de tentar. Por muito difícil que seja manter esse equilíbrio. Não quero é continuar no caminho em que estou neste momento.