quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Do ano que termina


Está a fazer agora um ano que esta imagem me apareceu no pinterest. Ela falou-me de imediato. Ainda não sabia muito bem como o fazer, mas sabia que era mesmo uma coisa deste género que eu estava a precisar e apregoei aos 4 ventos que era esta a minha resolução de Ano Novo.

Uns meses, depois, o body positivity entrou na minha vida através de uma daquelas publicações que passam no feed do facebook e que normalmente nem sequer abrimos - obrigada universo por teres colocado estas coincidências no meu caminho - e eu soube logo que tinha encontrado o caminho que andava à procura.

2019 quero que continue a ser o meu ano selfish. Mas não no sentido depreciativo de egoísta. No sentido de me colocar a mim também em primeiro lugar sem me sentir, precisamente, egoísta em fazê-lo. Porque para nós nos dedicarmos aos outros, temos de nos dedicar a nós primeiro sem sentimentos de culpa.

Os primeiros passos foram dados e sinto que cumpri esta minha resolução na íntegra.

2018 foi um ano memorável! Fui muito feliz, fiz muitas coisas que adoro com os meus amores, dei uma volta de 180º à maneira como me via e agia comigo há já alguns anos e sinto que estou finalmente no caminho certo para viver hoje a vida que mereço. Porque eu quero ser feliz todos os dias e não dar-me permissão para só começar a viver daqui a x meses quando perder y kg como eram os meus objetivos antigamente.

Em 2018 eu saí totalmente da minha zona de conforto, larguei toda uma filosofia de vida (dieta, RA, exercício, odiar o meu corpo) para abraçar a filosofia exatamente oposta de body positivity, alimentação intuitiva e amor próprio instantâneo.

Em 2018 passeamos até não podermos mais. Fomos a 3 a Madrid ver o Harry Styles, a Cardiff ver a Dua Lipa, a Lisboa ver a Demi Lovato. Passamos um fim de semana na Nazaré a assistir ao mais incrível por do sol numa piscina aquecida. Passamos 2 semanas maravilhosas no Algarve com passeios relaxantes à beira mar ao por do sol, numa paz tremenda.

Fui com a princesa a Lisboa ver o Niall Horan e novamente a Madrid onde assisti na primeira fila aos 5 Seconds of Summer naquele que foi o melhor concerto da minha vida. Esta foi também a minha primeira aventura em solo estrangeiro como adulta responsável, coisa que nunca num milhão de anos me sentiria à vontade para fazer se não estivesse carregada de confiança graças ao body positivity.

Por tudo isto, 2018 foi um ano maravilhoso. Foi um ano de viragem e de crescimento interior.

Para 2019 sinceramente desejo o mesmo. A mesma paz de espírito, a mesma relação com os meus, a mesma alegria e a continuação do meu crescimento. Quero enraizar e estabilizar mais a minha alimentação intuitiva e quero criar tempo para mim diariamente, que é a única coisa que sinto falta, meia hora que seja para respirar, meditar, olhar-me no espelho, registar palavras inspiradoras e continuar a sentir-me em paz comigo própria.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Da magia


Eu adoro o Natal.

Adoro ver a minha casa decorada, adoro estar debaixo da minha mantinha, colada à minha filha e, na penumbra da sala, ver pelo canto do olho as luzinhas da árvore a piscar.

Adoro ver os filmes de Natal para miúdos e graúdos repletos de encantamento e magia.

Adoro comprar os presentes, embrulhá-los,  colocá-los debaixo da árvore a dar-lhe ainda mais vida.

Adoro antecipar na minha imaginação o brilho nos olhos da minha filha, dos meus sobrinhos ou até mesmo dos adultos ao desfazer os embrulhos coloridos e conseguir vislumbrar sorrisos sinceros de felicidade.

Adoro muito mais dar do que receber. Adoro pensar que consigo tirar um poucochinho do pouco que tenho e partilhar com quem tem menos e tentar espalhar essa sensação ao longo do ano.

Vermelho não é de todo uma das minhas cores de eleição, mas adoro vê-lo salpicado por todo o lado nesta época. O Natal aos meus olhos veste-se de vermelho e verde com respingos de dourado.

Adoro o cheiro do Natal. O Natal cheira a canela, não há nada que eu mais goste do que comer a primeira rabanada quentinha embebida em leite adocicado e envolta numa espécie de areia de canela e açúcar. O Natal é leite creme, aletria e queijo da serra com pão de ló.

Eu acho que adoro mais os preparativos, a expectativa, a paz do antes, do que a azáfama do durante e a leve sensação de vazio do depois. Por isso é que eu gosto de fazer a árvore a meio de novembro, mas dificilmente gosto de a ver semi-nua, sem os embrulhos, a dar o salto para o novo ano.

E este ano com um espírito mais leve que já não tinha há mais de 15 anos, sem o fantasma da dieta de braço dado com o fantasma da compulsão que atacava à mínima distração da dieta, num arrependimento sem fim. Este ano não.

A minha filha há dias dizia-me 'O Natal não tem a mesma magia que tinha antes' ao que eu respondia 'O Natal é igual, nós é que o sentimos de maneira diferente à medida que vamos crescendo'

Mas ele não precisa de perder a magia, ela está sempre dentro de nós, mais ou menos adormecida, cabe-nos a nós reavivarmos a nossa chama tão viva da infância.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Do outro tipo de leveza


Houve uma altura da minha vida em que eu tinha medo de me pesar. Era novinha, alimentação saudável eram duas palavras que não caminhavam juntas no meu vocabulário e eu comia mesmo muita porcaria. Tinha medo que aquele objeto inerte tão poderoso me fosse gritar um número astronómico que eu não queria conhecer.

Até que subi em cima dela, odiei o grito que ela deu e resolvi dedicar a minha vida a subtrair dígitos àquele número hediondo.

Ela era o centro do meu mundo. Era a pensar nela que eu recusava os meus amados docinhos e que me entupia de legumes deslavados, mas saudáveis. Era ela que de manhã determinava se naquele dia eu tinha permissão para me sentir orgulhosa de mim ou se pelo contrário, devia sentir-me uma fraude por não ter conseguido reduzir uns gramas a este corpo parvo, porque eu teimava em reduzi-lo a um tamanho onde ele não se sentia confortável.

Ela dominava o meu mundo. Muitas vezes gritava-me mais do que uma vez por dia. Eu estava completamente dominada por aquele objeto estupidificante.

Foram várias as vezes que a tirei literalmente de casa para não ceder ao fascínio de ir mais uma vez medir o meu valor nela. Tomar a decisão de me afastar dela e realmente manter-me afastada foi das coisas mais difíceis que fiz neste processo.

O meu medo era só voltar a ser a pessoa descontrolada que fui na adolescência e que só a balança me iria conseguir policiar.

Só que não.

Deixei de me pesar regularmente há cerca de meio ano. Neste período cedi à tentação duas vezes e sinceramente agora não acho que acrescente nada à minha vida.

A Sweet dos 40 não tem nada a ver com a Sweet dos 20. A dos 20 temia o número da balança, a dos 40 está-se nas tintas para o número da balança. Ela já não mede o meu valor, porque eu sou um todo, um conjunto de coisas boas e menos boas e não somente um corpo que ocupa mais ou menos espaço no mundo.

Quando me afastei dela e me dei permissão para deixar de rotular os alimentos como bons e maus (leia-se saudáveis e não saudáveis) e passar a olhar para todos simplesmente como alimentos, sem restrições, confesso que o meu corpo desejou os menos saudáveis durante uns tempos. Isto porque eu passei tanto tempo a restringi-los que ele quis aproveitar enquanto podia. Só que agora o meu corpo já percebeu que pode sempre e por isso é que a caixa de Ferreros que comprei na segunda feira ainda está intacta, porque sabendo que posso comer sempre que me apetecer, acaba simplesmente por não me apetecer. E se hoje me apetece almoçar uma sopinha, vou fazê-lo com prazer e não como obrigação. E o mais engraçado é que sinto mesmo o meu corpo a balancear as coisas, noto que estou a comer em menor quantidade e maior variedade do que antes.

E é este o tipo de leveza que o body positivity me trouxe: a liberdade!

O facto de deixar de lutar com o meu corpo e ter a minha mente e o meu corpo a fazerem as pazes e a deixarem de puxar a corda um para cada lado, numa luta permanente.

O facto de me sentir bem comigo mesma sem ligar aos estereótipos impostos pela gigante indústria da beleza.

Não tenho uma barriga lisinha, mas tenho uma curvinha fofinha e gosto dela. Ela conta a mais bonita história de amor de sempre, a do nascimento da minha filhota. Todas as minhas estrias e os meus pneuzinhos contam a minha história, só me posso orgulhar dela.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Da leveza


Casei há 19 anos e mobilamos logo a nossa casa toda. Não havia Ikea, as mobílias queriam-se robustas para durar uma vida (os meus avós dormem na mesma cama há quase 70 anos!) e as nossas vieram de Paços de Ferreira já num estilo moderno para a época. Há uns 10 anos tiramos a parte que cobria a TV e mudamos os puxadores com o intuito de a adaptar aos nossos gostos que entretanto foram mudando. 
Da cristaleira, desfizemo-nos da parte de cima e ficamos só com a parte do aparador para tentar suavizar a sala. 

AAhhhh! Estou fartinha destes monos, mas foram tão caros, e ainda estão em tão bom estado, é uma pena... o que é que lhe fazíamos?!... 

Finalmente tomamos a decisão. Felizmente estamos numa fase confortável da nossa vida, oferecemos este móvel mais a cristaleira aos meus sogros e aventurei-me a construir os meus móveis no sistema Besta do Ikea. 

São leves, são modernos e são totalmente personalizados ao meu gosto, às minhas necessidades e ao espaço que tenho disponível. É preciso mais uma prateleira? É só dar lá um saltinho. Estou farta destas portas? Posso trocar só a porta mantendo toda a estrutura. Aqui preciso de duas gavetas em vez de uma porta? Já lá vou! 



A sala ganhou uma leveza incrível! Confesso que não foi amor à primeira vista, nas primeiras horas achava que tinha feito uma grande asneira, de tão habituada que estava aos outros. Mas agora estou completamente rendida. Sinto o estilo leve e simples como me sinto eu própria leve, livre de um fardo nas minhas costas nesta minha nova fase.

Não vai ser mobília para a vida toda? Não! Mas também não é isso que eu quero. Os nossos gostos mudam, a nossa vida muda porque é que devemos ficar presos a coisas que já não nos fazem felizes, se temos hipóteses de renovar?