domingo, 18 de outubro de 2020

Tem dias


Há dias em que sinto que não estou empenhada a 100% nisto do body positivity.

Há dias em que penso que seria tão mais confortável embarcar em mais uma dieta. É difícil ver o meu corpo a mudar, a voltar à estaca zero. 

Há dias em que sinto falta da sensação de falso controlo que a dieta me transmite. Sinto falta do objetivo, daquela adrenalina quando um dia corre na perfeição.

Nunca sentirei falta da sensação de fracasso quando a dieta empanca ou quando invariavelmente deixa de funcionar. E muito menos falta sentirei da sensação de falhanço ao olhar pela quinta vez para o número da balança sempre despida de qualquer acessório que acrescente 10 gramas sequer.

Há dias em que me sinto poderosa, levanto a cabeça bem alto e caminho com segurança no andar e de sorriso no rosto. 

E depois há dias em que me questiono se terei tomado a decisão certa e sinto-me só desleixada. 

Porque eu sinto que ainda não soltei as amarras completamente. Adoro a liberdade que o self-love, a self-acceptance e o body positivity me dão, mas lá no fundo eu ainda quero ter um corpo mais pequeno. Não para me encaixar mais em algum padrão, mas porque as pernas começam a queixar-se e eu lá no fundo tenho medo que os quilinhos a mais acabem mesmo por ser prejudiciais à minha saúde no futuro.

Eu não quero embarcar em dietas e obsessões de números, mas quero retirar alguma gordura do meu corpo. As pernas e os pés começam a ressentir-se e penso que isso seja ele a chamar-me à razão.

Gostava que ele encolhesse um pouco, não posso mentir, mas sem ponta de obsessão, sem ponta de sacrifício, só a ouvi-lo, a nutri-lo, a move-lo como ele merece.

Não quero voltar à never-ending story das dietas de A a Z, mas também não quero continuar a crescer mais e mais. É um equilíbrio muito fino e que vou ter de encontrar para bem da minha saúde física e mental. 

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