segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Eu mereço!!!



Há coisas que nunca fiz ou que deixei de fazer por não estar confiante comigo própria - mesmo quando tinha 30kg a menos, porque isto pouco tem a ver com o corpo -  por vergonha, por falta de confiança, por receio do que os outros poderiam pensar... 

Chega de esperar por ter um corpo assim ou assado ou chegar a determinado número (na balança ou nas calças) para me achar merecedora de alguns mimos. 

Setembro para mim é sempre um virar de página. É um caderno a cheirar a novo com folhas limpinhas, só cheias de esperança de criar um Eu melhor que merece que eu ouça o meu corpo, que cuide dele, que o nutra devidamente, o hidrate, o mexa e o mime. 

Porque foram anos demais convencida de que para ter motivação para o mudar, eu tinha de o odiar. Foi a maior mentira em que acreditei. E por isso corpo, eu te peço desculpa. A ti que estiveste sempre aqui quando eu mais te odiei, tu nunca me abandonaste. Nunca mais te voltarei a odiar... 

Setembro é sempre sinónimo de recomeço e neste recomeço vou sair da minha zona de conforto e mimar-me com coisas novas que não faço por vergonha ou por considerar que não consigo ou mereço.

Eu mereço agora e sempre!

💭 Usar um vestido

💭 Correr 1km seguido

💭 Fazer uma massagem

💭 Fazer manicure e pedicure regularmente

💭 Usar umas botas compridas

💭 Fazer uma aula de grupo (ioga ou zumba, por exemplo)

💭 Aprender a maquilhar-me

💭 Renovar o guarda roupa

É também minha intenção, agora mais do que nunca, ouvir o meu corpo, respeitá-lo, amá-lo e trata-lo incondicionalmente. É minha intenção fazer também isto:

💭 Fazer 100 horas de caminhadas - acompanhada pela minha música e em sítios agradáveis para mente

💭 Andar sempre com a garrafa de água na mochila - e bebê-la mesmo, eu sou pro em auto-sabotar-me com a hidratação e como isso faz bem a todo o corpo

💭 Privilegiar frutas e vegetais na alimentação - quero começar a comprá-los na feira ou no pequeno comércio e a fazer a sua preparação no fim da semana. Se já estiver tudo lavadinho e arranjadinho, devidamente acondicionado, haverá a tendência de os consumir mais

💭 Arranjar 30 minutos ao final do dia para desacelerar - são 30 minutos que quero roubar à tv ou às redes sociais e passa-los a tratar da minha pele, da inspiração do dia e aventurar-me no mundo da meditação 

Esta singela lista tem como objetivo acima de tudo fazer-me focar no meu bem estar holístico, manter-me na minha bolha e desacelerar o ritmo da vida. A lista vai ficar ali guardada num separador à parte e atualizada sempre que necessário, seja para riscar algum dos objetivos que tenha sido atingido, seja para adicionar mais algum que eu me atreva a acrescentar 

domingo, 23 de agosto de 2020

Do merecido descanso


Chegamos ao Algarve há uma semana e temos aproveitado para descansar, apanhar sol e tomar meios banhos de mar e de piscina. 

Não acho que esteja menos gente do que nos outros anos e sinto que anda tudo muito à vontadinha, como se não estivéssemos no meio de uma pandemia. Por isso limitamo-nos a fazer o percurso praia-casa-piscina. Saímos uma vez à noite só para passear, mas mesmo de máscara não nos sentimos confortáveis e não fomos mais. 

É o nosso estilo de férias caseiras de que sempre gostámos: juntos, mas a dar espaço suficiente para cada qual fazer o que lhe dá mais prazer. 

Tal como em todos os outros anos, não posso deixar de constatar o mesmo: Não há corpos perfeitos! Há sim pessoas que se sentem mais ou menos à vontade neles. O meu este ano está maior, mas não foi por isso que pus o biquíni de lado. Penso até que nunca me senti tão em paz com ele como este ano. 

Setembro está aí à porta e, como sempre, é sinónimo de recomeço. Este ano tenho aí uma ideia nova que vai na linha do #selflove e do #eumereçocoisasboas. Dia 1 falamos 😊


 

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Depois da tempestade vem a bonança... sempre!


Confesso que o que se passou anteontem mexeu muito comigo. Senti-me enxovalhada e humilhada. O hubby queria fazer uma queixa, mas muito sinceramente nunca mais quero ver aquela gaja na vida e muito menos trocar mais uma palavra com ela.

Toda a situação ficou a ecoar na minha cabeça… e ontem ainda me sentia muito sensível e triste. Já há muito que não me sentia assim. Na realidade já não me sentia assim desde que acabei com a ditadura da balança, era aquele sentimento de falhanço que tinha regularmente e que tinha desaparecido totalmente depois que me libertei dela.

Olhei para dentro de mim.
Já perdi 30Kg. 
Passei por imensas fases para isso acontecer. Altos e baixos. Dietas restritivas e momentos de puro descontrolo. Alegria por um número na balança e ódio intenso pelo mesmo número na semana seguinte. Sentimentos de euforia e de obsessão. Um sacrifício imenso para manter o corpo mais pequeno do que ele foi talhado para ser. Uma autêntica montanha russa de emoções com a companhia permanente do ódio por este corpo.
E depois descobri toda uma comunidade dedicada ao body positivity e à aceitação do corpo que temos. Saber que havia mais pessoas com o mesmo tipo de corpo que eu tenho e que se amam como são?? Nem sequer sabia que isso era possível! Mas pareceu-me incrível e alinhei! 
O sentimento de liberdade é incrível!
E assim, aos poucos, os 30Kg voltaram. Todos. Com a diferença que eu agora estava feliz.

A ideia por detrás do body positivity é aceitarmos o nosso corpo e olhar para ele com amor. 
Em vez de odiar as coxas rechonchudas, agradecer por elas nos levarem a tantos sítios. 
Em vez de abominar a barriga flácida, agradecer por ela ter abrigado um ou mais bebés. 
É saber que apesar de não haver alimentos proibidos, há obviamente alguns que só podemos consumir moderadamente, ter isso em mente e nutrir o nosso corpo convenientemente porque o amamos.
E foi aqui que eu me espalhei. 

É perfeitamente normal que uma pessoa que passe muito tempo em dieta a restringir isto e aquilo, depois tenha de ir até ao outro lado do espectro e comer demais, principalmente do que mais restringiu. É o nosso corpo a testar-nos. É ele a ver se vai mesmo poder confiar em nós ou quando é que vamos tirar-lhe o tapete e obriga-lo a entrar de novo em restrição.

Mas, nalguma altura temos de voltar ao ponto central, àquele ponto minúsculo de equilíbrio e que é a chave de tudo na vida.

Portanto eu quero voltar a olhar para dentro de mim e corrigir os excessos que estou a cometer. 
Não quero fazer dieta, não quero comer só uma sopa à noite, nem comer doces só uma vez por semana.
Mas quero voltar a alimentar o meu corpo come ele merece. E isso significa dar mais primazia a legumes sim por exemplo, sem excluir uma pizza, mas mais de vez em quando. Ou lanchar um pãozinho e uma peça de fruta em vez de meia dúzia de bolachas recheadas.
Concentrar-me mais nos alimentos que fazem bem ao meu corpo em vez de consumir só os que sabem bem ao paladar. Mas tudo com o tão querido equilíbrio.

Isto tudo para dizer: Não, senhora doutora, não vou só comer uma sopa ao jantar para ver o número da balança a baixar. Vou procurar o equilíbrio que nunca consegui encontrar agora que já estive nos dois laos do espectro: o da restrição e o do excesso. Podes confiar em mim corpo, não te vou mais fazer passar fome, mas também não te vou mais sobrecarregar com açúcares e gorduras.

É o equilíbrio que procuramos. Não pelo número que marcava naquela balança, mas porque o meu corpo merece que eu o trate como o herói que ele é. 

Nunca mais te vou odiar… Prometo.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Senti-me profundamente discriminada


No início do ano fui a uma consulta de Medicina Geral no Hospital de Alfena queixar-me de umas dores que tinha num braço e que irradiava para a perto do pescoço. Na altura, a médica mandou-me fazer uns movimentos, pôs de lado a culpa do colchão ou da almofada, receitou-me uns comprimidos, disse que iria melhorar, mas se a dor voltasse seguiríamos para uns exames complementares. Fui bem tratada, como uma paciente qualquer. A dor passou e andei bem durante uns meses.

Ultimamente tenho tido novamente o início da dor e voltei à consulta desta vez com outra médica que estava de serviço. Mal descrevi o que sentia (tal como da primeira vez) a médica disse-me logo que o que devia era comer só sopa à noite e uma peça de fruta. Perguntou se eu fazia exercício e quando eu disse que fazia caminhadas dia sim dia não, disse logo Ah, mas devia fazer todos os dias! Independentemente do que eu dissesse nunca iria ser suficiente. Como estava a receber o meu silêncio como resposta, mudou um pouco a postura É claro que as pessoas magras também têm problemas de coluna, não é... Mas sabe que tem de fazer dieta, tem muito peso.

Aí não aguentei e tive de me defender do que estava a sentir como discriminação e disse Eu fiz dieta durante 20 anos e por causa disso desenvolvi problemas alimentares, uma obsessão e para bem da minha saúde mental desisti disso. Agora só preciso mesmo é de encontrar o ponto de equilíbrio.

Vamos lá a ver: Eu sei que tenho excesso de peso! Eu sei que eventualmente isso pode causar problemas de saúde! Mas esta estúpida não me examinou, limitou-se a atribuir o problema ao excesso de peso sem mais nenhum meio de diagnóstico.

E continuou: Tem feito análises? Consulta ginecológica? Citologia? Sim a tudo. Eu tomo conta da minha saúde! E as análises estão bem?! Fez aqui no hospital para eu dar uma vista de olhos? Por acaso não tinha feito lá, mas o meu colesterol nunca esteve tão bom na minha vida. Claro que estava tão intimidada que nem isso me lembrei de lhe dizer.

Se bem que eu também não tinha de lhe provar nada. Eu estava a ser alvo de discriminação por causa do meu peso, sem recurso a qualquer outro meio diagnóstico a não ser a estupidez e a insensibilidade desta pessoa.

A meio da consulta, e como eu estava basicamente a ignorar os seus sábios conselhos para perder peso - que não pedi - ela desistiu e resolveu focar-se em mandar-me fazer um raio-x e receitou-me medicação para as dores… vá lá...

Conclusão, vou tomar a medicação e vou na realidade fazer os raio-x, mas não volto a lá por os pés, nunca mais. Vou à primeira médica que me tratou como uma pessoa, olhou além do meu peso e tratou-me como eu merecia.

Não é a rebaixar as pessoas que que conseguem resultados. Se esta gaja soubesse os passos que me fez voltar atrás hoje, enfiava-se imediatamente num buraco.