domingo, 21 de abril de 2019

Cansada

Às vezes sinto-me cansada de estar constantemente a trabalhar em mudar a minha mentalidade e deixar as tão enraizadas ideias de dieta. É um trabalho exaustivo e constante.

Às vezes arrependo-me de ter seguido o caminho da alimentação intuitiva. E se eu nunca encontrar o equilíbrio e só ganhar peso mais e mais?

Às vezes penso que nunca vou conseguir sair da fase do abuso pontual e começar a escutar a sério o meu corpo e finalmente balancear saudavelmente o que antigamente eu considerava alimentos permitidos e proibidos. Porque quando há uma aberta, os proibidos tornam-se os mais abusados.

Às vezes há coisas pequeninas que despoletam estes pensamentos e que me tiram o sono. Tipo uma foto por exemplo. Ou a respiração ofegante numa pequena e inofensiva subida de poucos metros.

Às vezes ainda me incomoda imaginar o  que será que os outros pensam de mim, do meu corpo, da imagem da minha família "coitadinhos, tão gordos e desleixados"... Será que alguém olha para nós e pensa isso?

Às vezes ainda penso que estou a fazer mal à minha saúde ao ter deixado as castrantes dietas, mesmo sabendo que as minhas análises clínicas estão com valores melhores do que nunca.

Às vezes acho que estou a reduzir os anos de vida saudável que terei para ver a minha filha criar a sua própria vida. Os meus e os do meu marido que também ganhou peso desde que eu abracei a alimentação intuitiva.

Às vezes penso quão mais fácil seria voltar ao cobertor aconchegante do controlo da balança e das rotinas restritas.

Isto porque eu só sei ser tudo ou nada. Raismaparta!

Estou aqui a sentir-me entupida de amêndoas e doces, quando na realidade não foi assim tanto que comi. Mas o facto de não ter andado a comer fruta nenhuma e muito poucos legumes deve ser um alerta do meu corpo. Eu ainda não os sei reconhecer e isso tira-me o sono. É 01:39 da manhã e eu aqui a tentar perceber o que sinto e porque me sinto assim.

Às vezes sinto falta da disciplina a que a dieta me obrigava. Não sinto falta da dieta em si, mas do planeamento. Eu funciono muito melhor com rotinas e neste momento sinto-me um pouco all-over-the place.

Não sinto falta do constante sentimento de culpa por não conseguir reduzir o meu corpo, mas sinto-me inchada e sei que me sinto melhor com menos peso e com mais mobilidade.

Eu afinal não quero mudar a minha trajetória, não quero ir novamente do 8 para o 80, mas quero corrigí-la.

Porque no final de contas, o  que interessa é como eu me sinto no meu corpo e neste momento sinto-me um pouco presa nele.

Mas eu não o consigo fazer sozinha, preciso da ajuda e compreensão dos meus. Preciso que eles me dêem a mão para caminharmos juntos e que puxem por mim. Só nos faz bem, a todos.


1 comentário:

  1. Primeiro não somos uma Família de gordos. Somos uma Família Feliz, num namoro que dura à 29 anos e um Casamento de 20 Anos. De onde nasceu uma Filha linda e que de gorda não tem nada. É normal todas essas tuas incertezas foram muitos anos com dietas e sempre a batalhares com o peso. Não temos os corpos perfeitos, claro que não, não aguentamos uma maratona claro que não. Mas temos o que muitos não têm. Somos Felizes. E já á muito tempo que não andávamos tão felizes e descontraídos. Sim eu sei que podemos fazer mais exercício sim também podemos ter mais cuidado na alimentação. Mas tudo isso tem o seu tempo. Estás hoje assim porque estamos em roda livre aqui na aldeia. E andar por aqui a pé é sempre a subir e isso põe-nos ofegantes. Porque quando queremos ir caminhar vamos e até andamos bastante às vezes. Não stresses com estas coisas. Amo-te pelo que És..

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