quinta-feira, 6 de junho de 2019

É oficial


A minha pequenina cresceu. Conheceu uma menina e andam as duas entusiasmadas.

Por um lado fico imensamente feliz por ela. Quem não se lembra da alegria de um amor fresco, de todas as pequenas coisas que fazem vibrar um coraçãozinho apaixonado e as sensações boas que daí acontecem.
E mais contente estou por ela me ter contado tudo de imediato, de ter partilhado a alegria dela comigo. Isso deixa-me com um sentimento incrível de dever cumprido como mãe.

Por outro lado, ela deixa de ser só minha. Eu sei que isto é a minha veia mais egoísta a falar e que mais cedo ou mais tarde ela ia começar a abrir as asas. Eu sei que é a lei da vida. Mas custa. E eu, mestre em sofrer por antecipação, custa-me pensar nas ausências dela, mesmo estando ela agora sentada ao meu lado.

O problema é que eu já tive 16 anos, já estive apaixonada de fresco e eu fui a adolescente que eu espero que ela não seja. Sim, a nossa relação está a anos-luz da que eu tinha com a minha mãe, mas mesmo assim, mesmo sabendo que a nossa relação é de pedra e cal, custa-me largar-lhe a mão e deixá-la correr à vontade.

E outra coisa, são duas meninas. Eu tenho essa parte bem resolvida e aceite na minha cabeça, mas a sociedade consegue ser bem pervertida. O meu maior medo é que alguém possa ser rude e mesmo mal intencionado com elas.

Foram quase 17 anos dedicados exclusivamente a esta criança que se tornou numa verdadeira amiga e companheira. Eu já nem sei viver sem andar à volta dela...

O que eu mais lhe digo desde sempre é 'Tu tens tempo para tudo: família, amigos, namorados, estudo...' mas depois no meu íntimo mais egoísta, eu quero-a só para mim...

3 comentários:

  1. Nunca na vida a nossa filha se vai distanciar de ti. Vocês têm uma relação como ninguém. Tu própria o dizes que ela te conta tudo, e és a melhor amiga dela. Vocês têm um amor e uma cumplicidade como poucas mães e filhas têm. Também eu tenho receio de muitas coisas mas também sei que tenho de lhe dar espaço e asas para ela voar. Não te preocupes tanto que a nossa filha sabe bem o que quer e o que fazer, porque na dúvida ela faz sempre o mesmo. Vai ter com a MÃE.

    ResponderEliminar
  2. O meu pequeno mais velho tem 10 anos e a entrada iminente na adolescência, na escola nova, num mundo novo... causa-me alguma ansiedade! Ele está muito mais independente e eu vejo tanto isso agora que tenho uma bebé com 7 meses, mas continua ainda a ser o menino da mamã e sinto que isso vai mudar mais depressa do que eu gostaria. Mas faz parte e é bom para eles :)

    Em relação à sexualidade da tua filha, compreendo-te. Com filhos, não sei como é, ainda não cheguei a essa parte, mas tenho a minha irmã e acompanhei tudo desde o início (é mais nova que eu 7 anos). Sempre tive na minha vida, desde cedo, homossexuais e encaro com total normalidade, não me faz comichão nenhuma. E se um filho meu tiver essa orientação, só quero que seja feliz, contudo, preocupar-me-á sempre a reacção da sociedade, como a ti. As pessoas são muito más e preconceituosas...

    ResponderEliminar