Confesso que o que se passou anteontem mexeu muito comigo. Senti-me enxovalhada e humilhada. O hubby queria fazer uma queixa, mas muito sinceramente nunca mais quero ver aquela gaja na vida e muito menos trocar mais uma palavra com ela.
Toda a situação ficou a ecoar na minha cabeça… e ontem ainda me sentia muito sensível e triste. Já há muito que não me sentia assim. Na realidade já não me sentia assim desde que acabei com a ditadura da balança, era aquele sentimento de falhanço que tinha regularmente e que tinha desaparecido totalmente depois que me libertei dela.
Olhei para dentro de mim.
Já perdi 30Kg.
Passei por imensas fases para isso acontecer. Altos e baixos. Dietas restritivas e momentos de puro descontrolo. Alegria por um número na balança e ódio intenso pelo mesmo número na semana seguinte. Sentimentos de euforia e de obsessão. Um sacrifício imenso para manter o corpo mais pequeno do que ele foi talhado para ser. Uma autêntica montanha russa de emoções com a companhia permanente do ódio por este corpo.
E depois descobri toda uma comunidade dedicada ao body positivity e à aceitação do corpo que temos. Saber que havia mais pessoas com o mesmo tipo de corpo que eu tenho e que se amam como são?? Nem sequer sabia que isso era possível! Mas pareceu-me incrível e alinhei!
O sentimento de liberdade é incrível!
E assim, aos poucos, os 30Kg voltaram. Todos. Com a diferença que eu agora estava feliz.
A ideia por detrás do body positivity é aceitarmos o nosso corpo e olhar para ele com amor.
Em vez de odiar as coxas rechonchudas, agradecer por elas nos levarem a tantos sítios.
Em vez de abominar a barriga flácida, agradecer por ela ter abrigado um ou mais bebés.
É saber que apesar de não haver alimentos proibidos, há obviamente alguns que só podemos consumir moderadamente, ter isso em mente e nutrir o nosso corpo convenientemente porque o amamos.
E foi aqui que eu me espalhei.
É perfeitamente normal que uma pessoa que passe muito tempo em dieta a restringir isto e aquilo, depois tenha de ir até ao outro lado do espectro e comer demais, principalmente do que mais restringiu. É o nosso corpo a testar-nos. É ele a ver se vai mesmo poder confiar em nós ou quando é que vamos tirar-lhe o tapete e obriga-lo a entrar de novo em restrição.
Mas, nalguma altura temos de voltar ao ponto central, àquele ponto minúsculo de equilíbrio e que é a chave de tudo na vida.
Portanto eu quero voltar a olhar para dentro de mim e corrigir os excessos que estou a cometer.
Não quero fazer dieta, não quero comer só uma sopa à noite, nem comer doces só uma vez por semana.
Mas quero voltar a alimentar o meu corpo come ele merece. E isso significa dar mais primazia a legumes sim por exemplo, sem excluir uma pizza, mas mais de vez em quando. Ou lanchar um pãozinho e uma peça de fruta em vez de meia dúzia de bolachas recheadas.
Concentrar-me mais nos alimentos que fazem bem ao meu corpo em vez de consumir só os que sabem bem ao paladar. Mas tudo com o tão querido equilíbrio.
Isto tudo para dizer: Não, senhora doutora, não vou só comer uma sopa ao jantar para ver o número da balança a baixar. Vou procurar o equilíbrio que nunca consegui encontrar agora que já estive nos dois laos do espectro: o da restrição e o do excesso. Podes confiar em mim corpo, não te vou mais fazer passar fome, mas também não te vou mais sobrecarregar com açúcares e gorduras.
É o equilíbrio que procuramos. Não pelo número que marcava naquela balança, mas porque o meu corpo merece que eu o trate como o herói que ele é.
Nunca mais te vou odiar… Prometo.
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