sábado, 2 de fevereiro de 2019

Então pesei-me...

... e durante uns minutos, senti um verdadeiro turbilhão de emoções dentro de mim.

- OOhhhh!!!
- Podia ser pior...
- Mas ainda pensei que não fosse tanto...
- É oficial! Já ganhei 20 dos 30kg que perdi ao longo dos anos...
- Tenho de voltar às dietas e perder o raio deste peso...
- Mas para que é que eu deixei a dieta?!...
- Já te esqueceste do que andaste a sentir ao longo destes 9 meses?...
- Não, não esqueci. Mas valeu a pena? Valeu a pena desperdiçar o esforço que fiz durante 16 anos para perder peso?

Eu já sabia que a decisão de voltar a pesar-me me ia afetar. Só não sabia que as lágrimas me iam escorrer pela cara livremente sem eu as conseguir controlar. Como se viessem sem filtro mesmo cá de dentro.

Eu já sabia que ao escolher a liberdade do body positivity e da alimentação intuitiva e deixar de vez a vida das dietas, ia ter de aceitar o aumento de peso como contrapartida a tudo o que ganhei.

E o que é que eu ganhei neste percurso além do peso?

Ganhei liberdade
Ganhei uma grande dose de amor próprio
Ganhei umas férias despreocupadas
Aprendi que a comida é só comida, que não há comida boa, nem comida má e que tenho só de a balancear
Aprendi a caminhar de cabeça erguida (literalmente) e com confiança em mim
Aprendi que não me interessa a opinião que os outros possam ter sobre a minha figura
Aprendi que eu mereço ocupar o meu espaço no mundo
Aprendi que o meu valor não está intrinsecamente ligado ao número da balança
Aprendi que eu sou muito mais do que o meu corpo
Aprendi que o meu corpo ainda está confuso de tantos anos em que lutei contra ele.

Foram cerca de 16 anos a tentar encolhê-lo, a dar-lhe pistas confusas, a lutar contra ele. Obviamente que ele ainda não confia em mim. A maior parte das vezes ainda não consigo perceber quando é que tenho mesmo fome ou se como só por hábito. É ainda um trabalho em progresso.

E aqui estou eu. É este o momento. Estou na encruzilhada. Tenho à minha esquerda o caminho da dieta e à minha direita o caminho da alimentação intuitiva.

É nesta altura em que muita gente volta atrás ao que sempre conheceu toda a vida, ao que a grande indústria das dietas nos impõe. Eu percebo, já lá estive, sei o gozo que dá perder uns quilinhos, a sensação boa que é comprar umas calças do tamanho abaixo. Mas também me lembro das restrições e de como era dura comigo própria quando isso não acontecia.

Eu sei que o meu corpo vai encontrar o meio termo. E eu quero continuar a sentir a minha liberdade. A liberdade de me sentir bem no meu corpo. De olhar para o espelho e não odiar o que vejo. De falar para mim própria com gentileza. De me perdoar pelos meus erros. De gozar do prazer que a comida me dá. Quero passar a mexer mais o meu corpo, mas por me dar gozo, por gostar da sensação com que fico depois, não como castigo.

Quero a liberdade e quero amar-me ainda mais e isso sei que não vou conseguir pelo modo de vida restritivo da dieta, só pela alimentação intuitiva.

Mexeste comigo, balança, mas não me deitaste abaixo, nem me desviaste do meu caminho!


4 comentários:

  1. E já á muito tempo que não andavas tão risonha brincalhona e bem disposta. Como nos últimos meses
    Amo-te pelo que és como pessoa como mulher e mãe.

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  2. Mais que o peso certo (isso existe?) na balança é estarmos certos de nós próprios. Daquilo que somos e do que pretendemos construir. Compreendo o misto de emoções mas também compreendo que o que alcançaste agora faz de ti uma mulher muito mais feliz do que antes. Isso nota-se na forma como escreves!
    Haja vontade de ser feliz e o resto conquista-se!!!
    https://jusajublog.blogspot.com/

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  3. Se te sentes melhor, esse é o caminho a seguir, estamos cá para ser felizes e saudáveis, não para viver na infelicidade!!

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  4. "não há comida boa, nem comida má e que tenho só de a balancear" isto não é exactamente verdade, há coisas que não nos fazem mesmo falta nenhuma no organismo. Mas percebo o que queres dizer, se for moderado, não é um pequeno pecado que nos vai matar ;)

    Quanto ao peso, é uma luta que tive toda a minha vida. Odeio fazer dietas. E nunca me importei muito de ser gordinha. O único verdadeiro motivo porque tento mudar isso é a minha saúde. O saber que o peso a mais me pode trazer outros problemas.

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